segunda-feira, 17 de novembro de 2014

E a vida sexual?

Após o parto, a sexualidade continua a ser um aspecto de grande importância na vida de um casal. No entanto, devem-se respeitar as devidas particularidades deste período.
A experiência da maternidade, do aleitamento, a vivência da dependência total do recém-nascido, das modificações do corpo e vários outros fatores levam a uma mudança no padrão de comportamento sexual do casal.
Como todas as mudanças, estas podem ser bem ou mal assimiladas, tornando-se particularmente difíceis no caso das que envolvem um par conjugal, que viveu de forma diferente a gravidez e o parto.
Aliados às alterações físicas, os fatores psicológicos são de fundamental importância na dinâmica do casal que acaba de ter um bebe. De uma maneira geral, a mulher vive vários sentimentos e dúvidas – ser mãe ou amante? sentir desejo ou medo? excitação ou rejeição? – e, normalmente, acaba por transferir para o recém-nascido todas as suas necessidades e expectativas, perdendo o interesse pelo parceiro.
Infelizmente, o quarto trimestre, caracterizado pelo pós-parto, pode ser o mais desorganizado para a vida sexual do casal.
A maternidade é bastante diferente na visão do pai e da mãe, pela diferença clara de papéis assumidos, quer a nível biológico, quer psicológico e físico.
Antigamente eram principalmente as mulheres que detinham a obrigação de cuidar dos filhos, de lhes proporcionar educação e dedicação afetiva.
Hoje em dia, verifica-se uma modificação dos papéis originais e dessa forma tem ocorrido, sem dúvida, uma mudança no comportamento com relação ao nascimento de um novo filho, no qual o pai deixa de ser apenas um provedor, passando a ajudar no cuidado educativo e afetivo.
Sem dúvida que, como em todas as mudanças, podem gerar-se sentimentos de ansiedade, medo e insegurança. Este é um conflito natural que o casal pode viver em cada gravidez e que é mais visível na primeira gestação.
O puerpério ou pós-parto consiste no período após o parto com duração de até 6 meses. Durante este período haverá o retorno às condições físicas, hormonais e psicológicas da mulher antes da gravidez.
As alterações físicas afetam todo o corpo da mulher: a vagina fica mais seca e com dificuldade de lubrificação, os pontos doem, a barriga fica mais flácida, o peso está acima do normal, os seios produzem leite e estão muito sensíveis.
Com efeito, durante toda a fase de amamentação, existe uma baixa produção de estrogênio, o que interfere negativamente sobre a sexualidade nesta fase. Os aspectos emocionais podem também levar a bloqueios sexuais no pós-parto.
Considerando a visão do marido, existe a dualidade entre esposa ou mãe. Na visão da mulher, surge a questão de como conciliar os papéis de mãe, esposa e profissional. As freqüentes interrupções do sono não resultam em fadiga? Em suma, estas modificações podem levar a uma inadequação sexual.
Aproximadamente um ano após o parto, a grande maioria dos casais deveria apresentar uma freqüência sexual igual à do período pré-gravídico. Infelizmente, inúmeros fatores sociais e emocionais negativos, associados à dificuldade do casal moderno em administrar crises, acabam por provocar ou manter a inadequação sexual, tornando-se um distúrbio sexual e conjugal “crônico”.
Este processo, que deveria ser transitório, pode perpetuar-se, muitas vezes necessitando de ajuda especializada (terapia sexual/ casal).
Por maiores que sejam as mudanças fisiológicas que acontecem após o parto, as mudanças psicossociais que envolvem o novo triângulo acabam muitas vezes por se sobrepor.
Para algumas mulheres ou casais este período de ajuste pode ser mais fácil e tranqüilo do que para outras.
 É possível dividir, ainda que de forma flexível, o período de pós-parto ou puerpério em três etapas.

* 1ª etapa: Sensações imediatas do pós-parto.
O que é importante nessa etapa?
Além dos aspectos psicossociais é importante enfatizar as condições físicas ligadas às dores dos pontos da episiotomia (em casos de parto vaginal) ou dos pontos da cesariana, mais ou menos relevantes em cada um.
Coincidindo com importantes modificações hormonais que ocorrem após o aparecimento do leite, algumas mulheres vivem sentimentos depressivos marcantes.
É natural que os quadros de depressão pós-parto mereçam por vezes ajuda de um psicoterapeuta. Nestes casos, a questão sexual fica para segundo plano.
É mais provável que durante este tempo (1ª ou 2ª semana após o parto) não haja oportunidade para o encontro sexual, porém, isso não impede que o casal troque carícias, algo de extrema importância.
A sexualidade não é obrigatoriamente sinônimo de contato genital, e, portanto, não se restringe ao encontro dos genitais. A sexualidade humana implica necessariamente o envolvimento de quatro dimensões: afetividade, emoção, comunicação e prazer. As carícias, mesmo que não impliquem o ato sexual em si, podem ser retomadas imediatamente e deve fazer parte de todo o ciclo  grávido-puerperal.

* 2ª etapa: (1 a 3 meses):
Em geral noites de sono interrompidas para o processo de amamentação podem levar a um esgotamento físico.
Não é raro ocorrerem queixas de grande cansaço físico que pode, inclusive, dever-se a anemia, podendo agravar os sentimentos de depressão. Conseqüentemente, o casal pode ter perturbações na vida sexual, sendo que muitas mulheres não têm interesse sexual no 1º ou no 2º mês após o nascimento da criança.
Será devido à queda do estrogênio associada à retirada da placenta e a uma diminuição dos níveis hormonais comparativamente ao período da gravidez? Provavelmente não, já que o estrogênio não tem relação com a libido (desejo sexual).
Será por uma ação do hormônio prolactina (da lactação)? Provavelmente sim, já que esta é comprovadamente inibidora do desejo sexual. Além disso, associado ao aumento desse hormônio, verifica-se a diminuição do estrogênio, que origina uma dificuldade de lubrificação vaginal, o que pode ocasionar desconforto no sexo. Para combater este problema, pode utilizar um lubrificante vaginal à base de solução aquosa ou hormônios de aplicação na vagina prescritos pelo médico.
Quando retomar a atividade sexual após o parto? O período de abstinência pós-parto varia muito de uma cultura para outra. Em geral, recomenda-se  evitar ter relações sexuais nas quatro primeiras semanas pós-parto.

*  3ª etapa :
Podemos considerar que esta etapa dura toda a vida até que os filhos cresçam, porém, com a maternidade algo se modifica para sempre na vida do casal. Está provado que a vida sexual de um casal com filhos versus casal sem filhos é muito diferente. Praticamente não há diferenças entre a mulher que teve um parto e a que não teve.
É importante referir que estas alterações são, à partida, transitórias, e que, portanto haverá um retorno às condições anteriores após certo período.

Se sentirem que se tornou muito difícil de suportar, procurem a ajuda de um profissional médico, psicólogo ou sexólogo! No entanto, é essencial que tanto a mulher quanto o homem entendam esta fase e tentem contornar as dificuldades da melhor forma possível, com muito diálogo, carinho e paciência.

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2 comentários:

  1. Podemos considerar que a vida sexual para a puepera é muito importante pois a sexualidade neste período precisa ser respeitada pelo marido e compreendida .
    tomara que vários marido leiam este blog.

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